"O IPV muito tem ajudado a Igreja no Brasil e agora indo além fronteiras com a Escola Vocacional! Que venham as próximas formações..."
Projeto Vocacional Vem e Segue-me
Artigos |
||
Mais um mês vocacional!?
Ir.
Clotilde Prates de Azevedo, ap
Com a chegada do
mês de agosto, as comunidades eclesiais começam a se movimentar em torno do
tema das vocações e, talvez, alguém possa dizer: "De novo! Mas, por que todo
ano têm um mês dedicado às vocações?"
Uma forma de
responder a esta indagação pode ser pelo resgate histórico da caminhada da animação
vocacional no Brasil que foi se constituindo pelo crescer da consciência de que
a vocação é uma "proposta de amor, um envio missionário em uma história de
cotidiana confiança mútua" (Doc. Final Sínodo Jovens, 77) entre Deus e o ser
humano.
História que
acontece e se desenvolve numa longa viagem chamada vida. Por isso, o tema
vocação precisa continuamente ser proposto, animado e fortalecido no decurso
desta viagem. A partir desta perspectiva é que podemos olhar e compreender as
várias iniciativas vocacionais realizadas no Brasil, ao longo dos anos.
Uma destas
iniciativas foi a instituição, no ano de 1981, do mês de agosto como mês dedicado
ao tema da vocação e das vocações específicas: na primeira semana, a vocação para o
ministério ordenado (diáconos, padres e bispos); na segunda semana, a vocação
para a vida em família, com atenção especial aos pais; na terceira semana, a
vocação para a vida consagrada (religiosos/as, consagrados/as seculares,
monjas/es, eremitas); na quarta semana, a vocação para os ministérios e
serviços na comunidade; quando há quinta semana celebra-se o dia da/o catequista.
E como o tema da
vocação é abordado?
Há vários ângulos
pelos quais o tema da vocação pode ser abordado, desde a perspectiva pessoal/profissional
- dom, talento, aptidão para fazer algo ou ser alguém na vida de um ponto de
vista puramente humano -, como também a partir da dimensão da fé chamado
pessoal de Deus à vida, à amizade com Ele, à santidade.
Esta segunda
dimensão da vocação, a partir da fé, tem um "plus" a mais, pois "situa toda a
nossa vida diante de Deus, que nos ama e nos permite entender que nada é fruto
de um caos sem sentido, mas tudo pode ser integrado em um caminho de resposta
ao Senhor, que tem um projeto estupendo para nós" (ChV 248).
Partindo deste
segundo pressuposto é que o SAV/PV Nacional, juntamente com os demais
organismos que compõem a Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e
Vida Consagrada da CNBB, propôs uma caminhada a partir do grande anúncio
vocacional que inclui as três grandes verdades que precisamos escutar nos
diversos momentos de nossa vida: Deus nos ama (2020); Cristo nos salva (2021);
Ele vive (2022).
Neste ano de 2021,
um tempo ainda marcado por fragilidades e sofrimentos causados também pela
pandemia que tem suscitado incertezas e medos sobre o futuro e o próprio
sentido da vida, aprofundaremos a segunda
verdade a partir do tema: "Cristo nos
salva e nos envia", e o lema: "Quem escuta a minha palavra possui a vida
eterna" (cf. Jo 5,24).
O convite que nos é feito, a
partir desta temática, é o de descobrir-nos e sentirmo-nos encontrados,
alcançados, amados, chamados vocacionado/a -, salvos por Jesus Cristo (cf. Ef
3,7-14). Para quê? Para viver com Ele uma relação de amizade que nos insere
numa nova perspectiva de vida: o Amor. Como afirma o Papa Francisco o amor de
Jesus por nós "é maior que todas as nossas contradições, que todas as nossas
fragilidades e que todas as nossas mesquinharias. Mas é exatamente através de
nossas contradições, fragilidades e mesquinharias que ele quer escrever esta
história de amor" (ChV 120).
Dar-se conta/descobrir, responder a vocação é: entrar a "fazer parte
de uma história de amor que se entrelaça com nossas histórias; que vive e quer
nascer entre nós para que produzamos frutos onde quer que estejamos" (ChV 252);
desenvolver, fazer germinar e crescer, tudo que sou, ou seja, é a descoberta de
mim mesmo e de minhas potencialidades à luz de Deus (cf. ChV 257); "participar
de sua obra criadora, prestando nossa contribuição para o bem comum a partir
das capacidades que recebemos" (ChV 253); é assumir a vivência de um amor que "exige uma progressiva abertura, uma maior
capacidade de acolher o outros, em uma aventura sem fim, que faz convergir
todas as periferias rumo a um sentido pleno de mútua pertença" (FT 95), pois "ninguém pode experimentar o valor de viver sem rostos concretos a quem amar" (FT 87).
A dinâmica da vocação proposta
para este mês das vocações (Cristãos Leigos/as, Vida Consagrada e Ministros
Ordenados) nos remete ao caminho da realização pessoal e do serviço.
Alguém poderia perguntar: "mas que
tipo de serviço sou chamado a realizar?" O Papa Francisco na Fratelli Tutti nos
ajuda a responder: "Servir significa cuidar dos frágeis das nossas famílias, da
nossa sociedade, do nosso povo. Nesta tarefa, cada um é capaz de pôr de lado
as suas exigências, expectativas, desejos de onipotência, à vista concreta dos
mais frágeis [...] O serviço fixa sempre o rosto do irmão, toca sua carne,
sente sua proximidade e, em alguns casos, até 'padece' com ela e procura
promoção do irmão. Por isso, o serviço nunca é ideológico, dado que não
servimos ideais, mas pessoas" (115).