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49º Dia Mundial de Oração pelas Vocações

20/03/2012



Vocações: dons do amor de Deus

 

Queridos(as) Irmãos e Irmãs,
No dia 29 de abril toda a Igreja une-se para celebrar o 49º Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Para esse ano, o santo Padre propõe que rezemos sob a luz da reflexão: Vocações, Dons do Amor de Deus. Vejamos a carta!

 

 

 

Caros irmãos e irmãs!

O 49º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que será celebrado no dia 29 de abril de 2012, quarto domingo da Páscoa, convida-nos a refletir sobre o tema: Vocações: dons do amor de Deus.
A fonte de todo dom perfeito é Deus Amor – Deus caritas est – “aquele que permanece no amor, permanece em Deus e Deus permanece nele” (1Jo 4,16). A Sagrada Escritura narra a história desta relação entre Deus e a humanidade, que precede a própria criação. São Paulo, escrevendo aos cristãos de Éfeso, eleva um hino de ação de graças e louvor ao Pai, o qual, com infinita bondade se dispõe ao longo dos séculos a atuar com o desejo universal de salvação, que é um desejo amoroso. No Filho Jesus – afirma o Apóstolo – Ele “nos escolheu antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele no amor” (Ef 1,4). Nós somos amados por Deus “antes”, portanto, de existirmos! Movido exclusivamente por seu amor incondicional, Ele nos “criou do nada” (cf. 2Mc 7,28) para nos conduzir à plena comunhão com Ele.
Com grande maravilha diante da obra da providência de Deus, o Salmista exclama: “Contemplando estes céus que plasmastes e formastes com dedos de artista; vendo a lua e estrelas brilhantes, perguntamos: ‘Senhor, que é o homem, para dele assim vos lembrardes e o tratardes com tanto carinho?’” (Sl 8,4-5). A verdade profunda de nossa existência está, portanto, inclusa neste surpreendente mistério: cada criatura, em especial cada pessoa humana, é fruto de um pensamento e de um ato de amor de Deus, imenso amor, fiel, eterno (cf. Jr 31,3). A descoberta desta realidade muda verdadeira e profundamente a nossa vida. Em uma cérebre página das Confissões, Santo Agostinho exprime com grande intensidade a sua descoberta de Deus sumo bem e sumo amor, um Deus que esteve sempre próximo, a quem finalmente abriu a mente e o coração para ser transformado: “Tarde te amei, beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! E eis que estavas dentro de mim e eu fora, e aí te procurava. E eu, sem beleza, precipitava-me nessas coisas belas que tu fizeste. Tu estavas comigo e eu não estava contigo. Retinham-me longe de ti aquelas coisas que não seriam se em ti não fossem. Chamaste, e clamaste, e rompeste a minha surdez; brilhaste, cintilaste, e afastaste a minha cegueira; exalaste o teu perfume, e eu respirei e suspiro por ti; saboreei-te, e tenho fome e sede; tocaste-me, e inflamei-me no desejo da tua paz” (X, 27.38). Com estas imagens, o Santo de Hipona procura descrever o mistério inefável do encontro com Deus, com o seu amor que transforma toda a existência.
Trata-se de um amor sem reservas, que nos precede, sustenta-nos e nos chama ao longo do caminho da vida. Tem sua raiz na absoluta gratuidade de Deus. Referindo-se, em particular, ao mistério sacerdotal, o meu predecessor, o Bem-aventurado João Paulo II, afirmava que “todo gesto ministerial, enquanto leva a amar e a servir a Igreja, impele a amadurecer cada vez mais no amor e no serviço a Jesus Cristo Cabeça, Pastor e Esposo da Igreja, um amor que se configura sempre como resposta ao amor prévio, livre e gratuito de Deus em Cristo.” (Exortação Apostólica Pastores dabo vobis, 25). Toda vocação específica nasce, de fato, da iniciativa de Deus, é dom da Caridade de Deus! É Ele quem dá o “primeiro passo”, e não por causa de uma particular bondade encontrada em nós, mas em virtude da presença do seu próprio amor “derramado em nossos corações pelo Espírito Santo” (Rm 5,5).
Em qualquer tempo, na origem do chamado divino está a iniciativa do amor infinito de Deus, que se manifesta plenamente em Jesus Cristo. Como escrevi em minha primeira Encíclica Deus caritas est, “Existe, com efeito, uma múltipla visibilidade de Deus. Na história de amor que a Bíblia nos narra, Ele vem ao nosso encontro, procura conquistar-nos — até à Última Ceia, até ao Coração transpassado na cruz, até às aparições do Ressuscitado e às grandes obras pelas quais Ele, através da ação dos Apóstolos, guiou o caminho da Igreja nascente. Também na sucessiva história da Igreja, o Senhor não esteve ausente: incessantemente vem ao nosso encontro, através de homens nos quais Ele Se revela; através da sua Palavra, nos Sacramentos, especialmente na Eucaristia” (n. 17).
O amor de Deus permanece para sempre, é fiel a si próprio, é “palavra empenhada por mil gerações” (Sl 105,8). Precisamos, portanto, voltar a anunciar, especialmente às novas gerações, a beleza convidativa deste amor divino, que precede e acompanha: é uma mola secreta, a motivação que não falha, inclusive nas circunstâncias mais difíceis.
Caros irmãos e irmãs, é a este amor que devemos abrir a nossa vida, e é à perfeição do amor do Pai (cf. Mt 5,48) que nos chama Jesus Cristo todo dia! A medida perfeita da vida cristã consiste, de fato, no amar “como” Deus; trata-se de um amor que se manifesta no dom total de si, fiel e fecundo. São João da Cruz, em resposta a uma priora do Mosteiro de Segóvia (Espanha), penalizada pela dramática situação de suspensão em que ele se encontrava naqueles anos, convidou-a a agir segundo a vontade de Deus: “Não pense em nada a não ser que tudo é disposto por Deus; e onde não tem amor, coloque amor e recolherá amor” (Epistolario, 26).
Neste terreno oblativo, na abertura ao amor divino e como fruto deste amor, nascem e crescem todas as vocações. E é atingindo a esta fonte na oração, com assídua frequência à Palavra e aos Sacramentos, em particular a Eucaristia, que torna-se possível viver o amor ao próximo, no qual se aprende a ver o rosto de Cristo (cf. Mt 25,31-46). Para exprimir este vínculo inseparável entre estes “dois amores” – o amor a Deus e ao próximo – decorrentes da mesma fonte divina e a esta orientada, o papa São Gregório Magno utiliza o exemplo de uma planta: “No terreno de nosso coração [Deus] plantou a semente do amor a Ele, primeiramente, e, depois, já desenvolvida como fios ou raízes, o amor fraterno” (Moralium Libri, sive expositio in Librum B. Job, Lib. VII, cap. 24, 28; PL 75, 780D).
Estas duas expressões de um único amor divino devem ser vividas com particular intensidade e pureza de coração por aqueles que decidiram empreender um caminho de discernimento vocacional em vista do ministério sacerdotal e da vida consagrada; são elementos qualificantes. De fato, o amor a Deus, do qual os presbíteros e os religiosos tornam-se imagens visíveis – mesmo que sempre imperfeitas – é a motivação da resposta ao chamado específico à consagração ao Senhor através da ordenação presbiteral ou da profissão dos conselhos evangélicos. O vigor da resposta de São Pedro ao divino Mestre: “Tu sabes que te amo” (Jo 21,15), é o segredo de uma existência doada e vivida em plenitude, e, por isso, cheia de profunda alegria.
A expressão concreta do amor ao próximo, sobretudo ao mais necessitado e excluído, é a motivação principal que faz do sacerdote e da pessoa consagrada um motivador da comunhão entre as pessoas e um semeador de esperança. A relação dos consagrados, especialmente do sacerdote, com a comunidade cristã é vital e torna-se também parte fundamental de seu horizonte afetivo. A este respeito, o Santo Cura D’Ars amava repetir: “O padre não é padre para si; o é para vós” (Le curé d’Ars. Sa pensée – Son cœur,  Foi Vivante, 1966, p. 100).
Caros irmãos no episcopado, caros presbíteros, diáconos, consagrados e consagradas, animadores das pastorais e vós todos empenhados no campo da educação das novas gerações, exorto-vos com viva solicitude a se colocarem em atenta escuta de quantos que – no interior das comunidades paroquiais, das associações e dos movimentos – manifestam sinais de um chamado ao sacerdócio ou a uma especial consagração. É importante que na Igreja se criem condições favoráveis para que se possam florescer tantos “sins”, respostas generosas ao chamado de Deus Amor.
É responsabilidade da pastoral vocacional oferecer as orientações para um frutuoso percurso. Elemento central será o amor à Palavra de Deus, cultivando uma familiaridade crescente com a Sagrada Escritura e uma oração pessoal e comunitária atenta e constante, para ser capaz de sentir o chamado divino em meio a tantas vozes que preenchem a vida cotidiana. Mas, sobretudo a Eucaristia seja o “centro vital” de todo caminho vocacional: este é o lugar onde o amor de Deus nos toca no sacrifício de Cristo, expressão perfeita do amor; e este é o lugar onde aprendemos constantemente a viver a “medida perfeita” do amor de Deus. Palavra, oração e Eucaristia são o tesouro precioso para compreender a beleza de uma vida totalmente dedicada ao Reino.

Espero que as Igrejas locais, em sua diversidade de organismos, sejam “lugares” de atento discernimento e de profundo acompanhamento vocacional, oferecendo aos jovens e às jovens um sábio e vigoroso itinerário espiritual. Deste modo a comunidade cristã torna-se, ela mesma, manifestação da Caridade de Deus, que guarda em si todo chamado. Tal dinâmica, que responde às instâncias do mandamento novo de Jesus, pode encontrar eloquente e singular atuação nas famílias cristãs, cujo amor é expressão do amor de Cristo, que se doou pela sua Igreja (cf. Ef 5,32). Nas famílias, “comunidades de vida e de amor” (Gaudium et spes, 48), as novas gerações podem fazer uma maravilhosa experiência deste amor oblativo. Elas, de fato, não apenas são o lugar privilegiado da formação humana e cristã, mas podem representar “o primeiro e o melhor seminário da vocação à vida consagrada ao Reino de Deus” (Exortação Apostólica Familiaris consortio, 53), fazendo redescobrir, justamente no seio familiar, a beleza e a importância do sacerdócio e da vida consagrada. Os pastores e todos os fiéis leigos saibam sempre colaborar para que na Igreja se multipliquem estas “casas e escolas de comunhão” sob o modelo da Sagrada Família de Nazaré, reflexo harmonioso na terra da vida da Santíssima Trindade.
Com estes desejos, transmito de coração a Bênção Apostólica a vós, venerados irmãos no episcopado, sacerdotes, diáconos, religiosos, religiosas e a todos os fiéis leigos, em particular aos jovens e às jovens, que com o coração dócil colocam-se na escuta de Deus, prontos a acolher seu chamado com adesão generosa e fiel.

Vaticano, 18 de outubro de 2011.

Tradução Padre Juarez Albino Destro